20 Mar 2019 07:06
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<p>Se pretendesse ser original, esse texto deveria NÃO começar em vista disso: há pouco mais de 30 anos, Ana Cristina César morreu; jogou-se da janela do apartamento dos pais, aos 31 anos, no Rio de Janeiro (era vinte e nove de outubro). Poética, editado com o esmero e a qualidade convencionais da Companhia e lançado na semana passada, tem a curadoria editorial e exposição do poeta e comparsa Armando Freitas Filho, posfácio da professora Viviane Bosi e um robusto apêndice. São livros fora de catálogo há décadas, como A teus pés e Inéditos e dispersos, originalmente publicados na Brasiliense. Nada de que padeça a estreia ordenado por Armando Freitas Filho.</p>
<p>Seja nos textos delimitados pelo ponto término da poeta, seja nos inacabados (que Freitas Filho batizou de “visita à oficina”), Poética tem o mérito de introduzir num volume único, de maneira inédita, a obra em poesia de Ana Cristina. Freitas Filho era o melhor camarada de Ana Cristina: naquele vinte e nove de outubro, ambos se falaram em torno de 12h30. Pouco depois das treze horas, a mãe dela telefonou desesperada, contando que a filha se jogara da janela.</p>
<p>Alguns dias mais tarde, levaria ao apartamento de Freitas Filho 4 caixas de papelão repletos de escritos. Ana Cristina deixara pra ele a responsabilidade de cuidar postumamente de suas publicações. Poética abre com Cenas de abril, de 1979. No livro de estreia, ela ensaia muito do que viria depois: pudor e provocação, íntimo e universal, masculino e feminino. Estou encantadora que é um desperdício. Hoje beijo os pacientes na entrada e na saída com desvelo técnico.</p>
<p>Freud e eu brigamos muito. O livro prossegue com Correspondência completa, do mesmo ano, assinado como Ana Cristina C (assim sendo mesmo). Um livreto bem humorado composto de uma só carta, de Júlia pra uma pessoa não nomeado, tendo como “personagens confessos”, tirados da existência real, Mary e Gil. Luvas de pelica (1980) reúne poemas escritos na Inglaterra, pra onde ela foi fazer mestrado em tradução literária pela Faculdade de Essex.</p>
<h2>A paixão, Reinaldo, é uma fera que hiberna precariamente. Não Passei No Concurso Público. Como Voltar Para o Mercado De Serviço? /h2><p>Ficam evidentes marcas de seu estilo: a comoção de perda, melancolia e desnorteio. Eu só enjoo no momento em que olho o mar, me comentou a comissária do sea-jet. Estou partindo com suspiro de alívio. A paixão, Reinaldo, é uma fera que hiberna precariamente. Esquece a paixão, meu bem; nesses campos ingleses, neste lago com patos, atrás das altas vidraças de onde leio os metafísicos, meu bem.</p>
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<li>Conheça as etapas do processo seletivo</li>
<li>Mão dupla*</li>
<li>EDINGER, Edward F. Ego e Arquétipo, SP, Cultrix, 1989</li>
<li>11- Ensine seus filhos como serem ricos</li>

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<p>Não queira nada que perturbe esse lago neste momento, bem. Não pega mais o meu organismo; não pega mais o seu corpo humano. Não escrevo mais. Estou desenhando em uma vila que não me pertence. Não penso na partida. Meus garranchos são hoje e se acabaram. Explico mais ainda: apresentar não me tira da pauta; irei ir a desenhar; para sair da pauta. Como afirma Freitas Filho, em A teus pés (1982) Ana Cristina Cesar voltaria assumida à sua assinatura oficial, eliminaria a abreviatura, tiraria a máscara dos óculos escuros e recuperaria a sua identidade como poeta sem disfarces.</p>
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<h2>Diálogo de surdos, não: amistoso no gelado.</h2>
<p>Aparecem especialmente textos ultrassintéticos, mas desdobráveis em algumas leituras. “Ana C. concede ao leitor”, escreveu o comparsa Caio Fernando Abreu, “aquele delicioso alegria meio proibido de espiar a intimidade alheia pelo buraco da fechadura”. Diálogo de surdos, não: amistoso no gelado. As mulheres e as meninas são as primeiras que desistem de afundar navios. Preciso voltar e enxergar aqueles dois quartos vazios.</p>
<p>Do espelho em frente. O Manual De Sobrevivência Do Novo Escritor vê, Ana Cristina Cesar toca muito as mulheres. Moderna e liberta, fala abertamente de seu corpo e de sua sexualidade, ao mesmo tempo derramando-se numa delicadeza que, à primeira visão, poderia conflitar com o feminismo vigente pela data. Embates de um feminino angustiado, como define o poeta e professor Italo Moriconi, ao mostrar Poética.</p>
<p>No episódio de inéditos, “Visita à oficina”, existe um objeto mais curto e definitivamente de pequeno relevância do que Setor Têxtil Cresce No Brasil E Busca Novo Profissional . São bem como poemas inacabados, um deles escrito ainda na adolescência, aos dezesseis As 10 Melhores Faculdades De Correto, Segundo Ranking Da Folha De S. Paulo . Por ele recebeu nota dez da professora e o elogio: “Lindo! Em outro exibe uma maturidade incomum pra idade: “Estar em fraude - não consigo mesmo, não consigo mesmo.</p>